14.4.08

Sunday in Hell, Monday on Campus

O segundo domingo de abril é reservado, tradicionalmente, à clássica Paris-Roubaix, prova no norte da França tida como a mais dura do circuito de corridas de um dia. Nos seus mais de 260km, os corredores enfrentam quase 50 km de estradas de paralelepípedos medievais, além das baixas temperaturas, vento e chuva associados à primavera no norte do continente europeu - daí seu apelido, "Inferno do Norte"

Nos pagos do Sul, neste domingo foi disputado o Troféu 122 anos de Taquara, válido como a 7a etapa da Copa União de Ciclismo. Passei o sábado de molho devido à uma gripe que me atacava desde sexta-feira e apropriadamente, fazendo jus ao evento europeu, a noite anterior à corrida trouxe uma frente fria e chuva recorde em todo o estado; as temperaturas cairam, e com o raiar do dia, quando nos dirigíamos para Taquara, muitas ruas encontravam-se embaixo d'água. Poucas horas antes da largada, dois colegas da minha equipe me telefonaram para avisar que não iriam correr, ambos acanhados pela intempérie. O prognóstico - corrida na chuva, gripado, e com a equipe desfalcada - me deixava muito entusiasmado: adversidades são poderosos fatores motivacionais.

Fiquei surpreso com o número de presentes na largada, incluindo equipes de Caxias, Vacaria, Novo Hamburgo, Porto Alegre, estimo quase 20 ciclistas na largada principal (naturalmente muito menos que os 80-100 de uma prova grande, mas dentro da média das últimas edições da Copa União, que foram realizadas com condições climáticas muito melhores). O circuito, o mesmo onde eu havia conquistado a vitória na Copa União do ano passado, estava novamente encharcado e escorregadio. Largamos, e em menos de 5 voltas ditando um ritmo forte, já havia me distanciado do pelotão junto com Roberto "Betão" Rodrigues (Acivas/Beto's Bike) e Rui Barbosa (Startec/DTools). Trabalhamos em conjunto para ampliar a nossa vantagem, e inclusive colocamos uma volta de vantagem sobre os demais adversários. Tentei atacar na penúltima volta, mas entrando em alta velocidade numa curva, perdi a traseira ao passar por cima de uma faixa de segurança e quase fui ao chão, tendo de reduzir bastante a velocidade para não cair - o que possibilitou que os outros dois me alcançassem. Abri mão da disputa do sprint depois que julguei muito perigoso arriscar tudo na última curva (onde o Betão quase derrubou o Rui ao ultrapassá-lo por dentro), e fiquei com o 3o lugar, ainda assim muito satisfeito com o meu desempenho. Terminei a prova ensopado, coberto de sujeira, numa imagem que não deixava nada à dever para a famosa fotografia de Paris-Roubaix. Um verdadeiro domingo no inferno :) .

Me sequei como pude para a viagem de volta, comemos um sanduíche e tomamos um chocolate quente num posto de gasolina, e partimos de volta para casa, onde cheguei quase no meio da tarde, encarangado de frio. Deliciei-me com um banho quente e um enorme prato de feijoada, já com roupas secas. Depois de uma boa ciesta, encontrei-me com alguns amigos para comemorarmos a premiação (o 3o lugar, além do bonito troféu, ainda rendeu algum dinheiro...) com uma tradicional torre de Pale Ale do Mulligan.

E hoje, de volta à rotina acadêmica, com novas bibliotecas e um novo compilador, consegui implementar a simulação do meu grafo com precisão quádrupla, permitindo esclarecer a dúvida sobre a qualidade dos dados anteriores. Infelizmente, os novos gráficos não mostram a diferença de órbitas que haviamos detectado antes; terei de procurá-las em algum novo sistema para não perder o "resultado inédito" que pretendia apresentar. Mais diversão pela frente...

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