14.1.08

Da natureza da raça humana

Hoje pela manhã, fui ao tradicional "Treino do Laçador" (vide comentário). Foi um resumo das razões pela qual nosso ciclismo aqui no Estado é, no mínimo, provinciano. Campeões de treino que, frequentemente, têm desempenhos pífios nas competições - e, mesmo todos eles me comentando que recém haviam retornado aos treinos, o ritmo era forte, numa constante disputa do tipo "o meu é maior que o seu". Depois da terceira ou quarta aceleração, eu simplesmente deixei o grupo, passei para uma marcha mais leve, e só fui encontrá-los uns 10km depois, quando um deles furou um pneu, e o ritmo voltou à niveis mais aceitáveis para esta época da temporada. Até aí, nada que eu já não soubesse que aconteceria antes de sair de casa.

O grande dessabor veio de uma conversa com um conhecido atleta que compete por uma das maiores equipes do centro do país, e está temporariamente de férias por aqui, visitando sua família. Os relatos de trapaças, envolvendo doping, resultados fixados, e outras baixarias, são de desanimar qualquer um. Aparentemente, quanto maior a quantia envolvida - além da premiação muito melhor, alguns destes ciclistas chegam a ganhar salários bem razoáveis, se não os compararmos com jogadores de futebol, claro - maior a disposição de burlarem-se as regras, a moral e a ética.

Nada que eu já não soubesse, diga-se. Em meados de 2005, uma constatação parecida após o Campeonato Brasileiro, juntamente com meu então recente atropelamento durante um treino, me levaram a pendurar a bicicleta por um bom tempo. Hoje, ao contrário, estou tentando canalizar todas estas adversidades como motivação para treinar mais e melhor. Ganhar, contra esse tipo de gente, será muito difícil, mas não é este o ponto. Ainda vou disputar o Campeonato Brasileiro este ano, e pretendo alinhar sabendo que, da minha parte, não deixei nenhuma lacuna, que fiz de tudo para tentar o melhor resultado possível - e de cara limpa.

2 comments:

Whiskas said...

O treino do Laçador é um pedal dominical que costuma reunir entre 20 e 30 ciclistas, que partem do Monumento ao Laçador, na entrada da cidade, para um trajeto que tipicamente consiste da BR-116 até a Scharlau, em São Leopoldo, e de lá a RS-240 até o pedágio de Portão. Ida e volta fica em torno de 100km, ou algo entre 2h40-3h de pedal.

Em geral, não tomo parte nestes treinos "em massa", principalmente nesta época de treinos de base, pelas razões que mencionei no texto - "pois afinal eu sou um velho chato". Como não pudemos ir à Campo Bom treinar com o restante da equipe, eu e o Lucas combinamos ontem de aparecer no Laçador e andar junto - ele, porém, acabou desistindo no último minuto, e eu, já estando lá, não quis voltar atrás.

Monica Mayer said...

Eh realmente desanimador saber q a chance de se ganhar contra alguem dopado eh minima - se nao inexistente. Tanto mais respeito teu desejo de fazer melhor.
O poder se olhar no espelho e se respeitar, saber q nao se tem culpa, eh um sentimento muito bom, mas que nao tem mais importancia muito grande na sociedade em q vivemos.
Em um lugar onde o ganhar eh mais importante q o competir, o produto mais importante q o metodo, o preco mais importante q a desnecessidade do conteudo, acho importante manter o idealismo e se dizer "comigo nao".
Se nao, algum dia chegaremos no ponto em q a vida nao tem mais significado algum, trata-se apenas de um grande vazio...