22.5.10

The fallen are the virtuous among us - ou, a teoria dos bens internos de MacIntyre

You've already been and we've already seen
That the fallen are the virtuous among us
Walk among us
Never judge us to be blessed
As linhas acima vem de "The Fallen", da banda escocesa Franz Ferdinand. Há quase um ano, iniciei um rascunho de título muito parecido, onde elaborava: "Not the winners and the glorified, but rather those who've tasted the bitterness of falling, are the ones who carry our times' most true virtues. Or is it?". Neste meio tempo, li "After Virtue", de Alasdair MacIntyre, onde o autor elabora sobre o discurso moral e faz uma análise bastante interessante sobre o papel das virtudes.

Nas últimas semanas, esboçava - mentalmente, devo dizer, travando diálogos comigo a caminho do Instituto - outro rascunho para o blog, onde queria discorrer sobre a competência técnica enquanto mecanismo de validação. Recordei que já havia abordado um assunto semelhante em outro post, e no comentário da Monica a teoria de Csikszentmihalyi me remeteu àquela de MacIntyre, que me levou, por sua vez, ao rascunho com a música de "Fallen". But I digress.

Queria descrever a busca pela competência - na Física, no ciclismo, ou em qualquer outra prática que eu exerça - como sendo um componente fundamental para me sentir pleno. Importante distinguir aqui que não trata-se de uma busca frugal por resultados - que MacIntyre chama de "bens externos", que nas práticas citadas acima seriam talvez publicações em revistas de renome, ou vitórias em corridas prestigiosas - mas sim a busca pela excelência na atividade em si: desenvolver a capacidade de articular um formalismo abstrato, ou exercer a melhor performance possível sobre a bicicleta - os chamados bens internos.

Aqui cabe, então, revisitar o que escrevia há um ano. Talvez ambos, o corredor que, de forma dominante, conquistou a vitória, e o atleta que abandonou a prova ainda nas primeiras voltas, carreguem de forma equivalente os bens internos da prática do ciclismo. Talvez o atleta derrotado - the fallen - tenha sofrido o preço de um resfriado ou uma lesão, ou um erro de estratégia, mas mesmo assim tenha, no caminho percorrido até a disputa daquele evento, feito a melhor preparação possível, estudando o posicionamento sobre a bicicleta, cuidando de sua alimentação, e apreciando cada uma das sofridas sessões de treinamento - e que assim definem seu êxito no esporte. O vencedor, porém, estará potencialmente inebriado com as láureas da fortuna, e pode deixar de reconhecer os bens internos que conquistou. Neste sentido - voltando ao meu esboço anterior - seriam aqueles que tombaram os virtuosos mais verdadeiros, pois teriam somente os bens internos consigo.
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Em tempo. Apesar das últimas semanas quebrando a cabeça atrás de uma teoria que não surge nunca, apesar do recente abandono na última prova - ainda quero outro artigo, ainda espero um pódium nesta temporada. E algumas outras coisinhas mais...

19.5.10

Ausnahmezustand

I've never been fully comfortable with the idea of tackling life as something absolutely normal. This is not to say I haven't achieved a certain degree of routine in my daily life - which is, to an extent, a necessary condition if one is to succeed in training or producing academic results - but as I've written before, it's the extraordinary that provides the motivation, the will to look ahead. Given the happenings of the last few months, I can either say I now face commonplace activities with excessive anticipation, or - entitling this post - I've been living in a constant state of exception (Ausnahme, exception; zustand, state).

Maybe not everyday, of course. I still find time to sit in my appartment, enjoy a hot beverage and listen to some music - but my mind is, surely enough, already rushing towards whatever the next big thing will be. This was evidently clear before coming to Europe - from the end of my Bachelor studies, the entire period of my Masters had some out-of-the-ordinary popping up every few months - travelling to Europe a couple of times, winning a race series, the conference in Canada, then driving almost one thousand k's for championships, or the queen of it all, crossing the continent by bike, to name but a few - all while conciliating, or trying to conciliate, the day-to-day activities. It's been no different here. After the initial phase of my Ph.D. studies, which was an exceptional period by itself, the last year was marked by numerous notable happenings. 2010 began on a particularly high note, with the paper rush, moving to a new apartment, a conference, my father's visit, buying the WhiskasWagen, racing the 500 Millas in Uruguay, planning an exchange semester abroad, travelling to Brazil for my father's surprise birthday party, etcetera, etcetera. And already looming on the horizon are a number of equally unusual plans...
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The derailings must be kept in check, though, as I've found myself way too distracted in the last few days. I don't expect to treat my first trip to Australia as a minor event, but at some point one must be able to unplug - which maybe means accepting special circumstances as part of the everyday Whiskas Lifestyle.
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For quite some time now, I've been envisioning a future in bucolic chalet somewhere in the countryside. A healthy dose of exercise, maybe work the land, a glass of wine and a good book's company as some Beethoven sonata plays in the background. Maybe I'm setting myself up for doom with such scenario, but at some point I do intend to try it. Maybe that will be the exception to a routine of out-of-the-ordinaries?