Defendi o mestrado e atravessei o continente pedalando. Até aí, todo mundo acompanhou, certo?
Voltei, e praticamente ao mesmo tempo chegava em Porto Alegre Benjamin, vindo aqui de Erlangen, para passar quase um mês no Brasil. Aproveitamos para fazermos juntos uma série de programas, ele aproveitando para relembrar um pouco de alguns aspectos pitorescos da cidade e da região, eu lentamente iniciando minha despedida. Lancheria do Parque, idas ao Campus, passeios ao sítio em Nova Petrópolis. Muitos cafés, vinhos e cervejas, em deliciosas companhias. O tempo, como sempre, passou rápido demais, e eu acordei na segunda-feira com uma sensação de que ainda ainda queria ficar mais um pouco para fazer outras tantas coisas. Só mais uns minutinhos...
Uma pequena correria entre consulado (faltavam autenticar alguns documentos) e fechar a mala, e zarpar para o aeroporto a tempo de ainda ver o Benjamin embarcar. Meu vôo para São Paulo, no qual consegui lugar tranquilamente, só partiria algumas horas depois. Almocei na companhia dos meus pais e de vários amigos, ainda um espresso com todo mundo, despedidas, e lá me fui, mais uma vez.
Em São Paulo, depois de encontrar meu tio Fred no desembarque, também consegui um lugar facilmente na classe executiva do vôo para Frankfurt (valeu, Roni!). Comemos um sushi e tomamos um chopp enquanto conversavamos sobre a família, educação superior e a crise econômica; ainda apresentei algumas fotos da nossa viagem ao Chile antes da bateria do notebook acabar. Mais uma despedida, e passei para a sala de embarque, onde instantes depois chamaram nosso vôo. Fui recebido a bordo com champagne francesa e quitutes diversos, naquela que possivelmente foi a melhor poltrona em que já voei; em seguida uma comissária me oferece o cardápio e pede que eu escolha meus pratos para o jantar daquela noite, bem como o vinho que iria acompanhá-lo (optei por um risoto de frutos do mar com um vinho espanhol, cujo nome não mais lembro).
Desembarquei em Frankfurt depois de uma noite bem dormida e um café da manhã reforçado, e daí começou a novela de arrastar malas. Primeiro até a estação de trens do aeroporto (onde cheguei exatamente no momento que o trem para Nürnberg abria suas portas), depois para trocar de trem na estação central (pois nosso ICE foi 'confiscado' para revisão, e nos passaram para um IC), mais uma vez em Nürnberg na baldeação para o trem até Erlangen (o trem tentou partir antes d'eu terminar de colocar a última mala para dentro, por sorte o fiscal atento segurou a partida e liberou novamente a abertura das portas), e por fim na chegada em Erlangen, de táxi até o hostel. Minha reserva, por alguma razão, constava como a partir de quarta, e não terça, mas felizmente havia um outro quarto disponível para a primeira noite. Fui procurar o Benja na casa da VDSt, onde não o encontrei, mas os rapazes me reconheceram de 'outros carnavais' e me convidaram para umas cervejas para assitir um pouco de TV.
No dia seguinte, daí sim, tomei café com o Benja, fiz uma série de pequenas errandas - compras no supermercado, passar no banco, etc - e passei o resto da tarde olhando anúncios de apartamentos e escrevendo emails, alguns para perguntar sobre ofertas de aluguéis, outros para anunciar minha chegada aqui, por exemplo, para o pessoal da Universidade. À noite, jantei com o Benja, comida chinesa, chá brasileiro e um licor espanhol...
Willkommen in Deutschland!, diz Peter, meu orientador, marcando a reunião para a quinta-feira, às 11h. Caminhar aqui do centro da cidade até o campus leva em torno de meia hora; combinei com o Benja às 9h30 e chegamos lá pouco antes das 10h. Ele tinha uma aula, eu fiquei na biblioteca lendo um pouco até chegar o horário de bater na porta de Peter. Em menos de meia-hora, foi-se toda a burocracia - 'preenche esse formulário, este eu assino, tu assinas aqui, esta é tua sala, aqui está tua chave, a impressora é ali, alguma pergunta? ótimo, podemos falar de Física agora?'
E daí caiu a ficha: isso é um doutorado na Alemanha, e o ritmo aqui é outro - ainda por cima começando em uma área inteiramente diferente da qual eu vinha trabalhando no meu Mestrado. Tenho uma série de novas referências para estudar, novas definições para aprender, e algumas centenas de páginas de artigos pela frente - e é só o começo. Isso vai ser divertido.
Fiquei o resto da tarde estudando na minha mesa, devagarinho conhecendo o ambiente e os colegas. Rafaelle, um postdoc italiano, e Ludmilla, postdoc da Polônia, Nadja, doutoranda de Minas Gerais (teuto-brasileira); o grupo aguarda ainda a chegada de Seckin (doutorando da Turquia), bem como um alemão que deve fazer seu trabalho de conclusão conosco. À noite, saimos para uma pizza e algumas cervejas, Rafaelle levando junto sua esposa e a adorável Catharina, de 4 meses, e Peter, sua namorada japonesa (cujo nome eu não gravei). [Não consegui postar isso ontem, de forma que isso só foi ao ar hoje de manhã, aqui na rede da Universidade. Bom fim-de-semana!]