5.6.08

whiskas@ca #3

A conferência começou. Descobri que diversas das faces que eu tinha visto pelos corredores da residência eram, de fato, participantes. Até agora, está sendo uma experiência fantástica, podendo finalmente colocar rostos nos nomes que por tanto tempo li nos livros e artigos - um é um careca, outro um gurizão atirado, outro um velinho já recurvo pela idade, etc.

Como o nome do evento já anunciava, é um encontro de matemáticos, que às vezes, e só às vezes, discutem a aplicação de alguma teoria abstrata ao caso real. A classe dos físicos está em clara minoria. Isso quer dizer que, em algo como 50% das sessões, eu não entendi nada além do segundo ou terceiro slide - ou, como foi o caso de várias delas, depois dele apagar o quadro-negro pela 2a ou 3a vez. Seja (X, g) uma variedade Riemanniana compacta sem borda, e seja −LB(g) o operador de Laplace-Beltrami sobre X, assumindo que ele resolve o problema associado de autovalores. Então, se tivermos uma geodésica semi-hiperbólica fechada que satisfaça pelo menos ... repitam 3 ou 4 vezes por dia, com uma hora de duração cada.

Porém, numa nota mais positiva, apreciei bastante as apresentações dos físicos, as quais eu pude entender ou discutir um pouco mais. Recebi alguns comentários legais sobre o meu pôster, mas ele é muito mais interessante sob o ponto de vista físico - a matemática por trás do meu resultado é relativamente simples, portanto, não é talvez tão atrativa para os colegas aqui. De qualquer forma.. Contatos muito legais num ambiente realmente plural. Temos pesquisadores de todas as etnias possíveis, e de forma idealista, me dá certa esperança ver um pesquisador da Universidade de Tel-Aviv participar da sessão de um matemático iraniano... Conversei bastante com um pesquisador ucraniano, um doutorando japonês e um professor de Chicago, por exemplo. Globalização...

Na segunda-feira à noite, após as sessões de abertura, tivemos um delicioso coquetel de boas-vindas, no qual me diverti muito discutindo aplicações de grafos com o tal ucraniano enquanto tomávamos um vinho australiano e beliscávamos da amostra dos melhores queijos franceses oferecidos... Ontem fomos downtown, passeamos pela cidade subterrânea, e provamos uma deliciosa Ale canadense antes de voltar para a residência. Hoje, por fim, saí da conferência e pedalei até Petite Italie, o bairro italiano de Montreal, onde realizava-se uma etapa do Tour de Montreal, prova feminina válida pelo ranking internacional. Torcendo e gritando pelas minhas amigas da Nürnberger Versicherung, devo ter chamado a atenção da imprensa local; fui entrevistado por uma repórter que queria entender o que um brasileiro fazia ali gritando por uma equipe alemã... Bom, tentei explicar no melhor francês possível, mas imagino que será editado antes de ir ao ar. Para grande alegria, a prova foi vencida pela Suzanne de Goede, depois de um fantástico trabalho da equipe nuremberguense. Cumprimentei as gurias no final da prova e segui para o caminho de volta, o sol estava se pondo e começava a esfriar...

Agora, de volta no quarto, e depois de um bom banho quente, fiz uma janta com uns pãeszinhos, queijo e um achocolatado, comendo enquanto escrevia o relato. Por hora é isso, au revoir!

1 comment:

benja said...

fué trés bién quand Goedé ataqué lés pelotón, arrivé et ganhé le maillot jaune :)