30.6.08

Contexto para quê?

Me: Embora ao contrário, foi o oposto que inverteu a situação.
Kàzic: !?
Me: Exato.

Depois de estar, ao longo dos últimos 6 finais-de-semana em função de corridas e/ou viagens, tive a oportunidade de passar este em Charqueadas, na casa dos pais do Kàzic. Boas pedaladas, seguidas sempre da farta mesa preparada pela dona Ana, vinho e conversas em volta da lareira, e aproveitando a tranquilidade do local, um ótimo sossego. Os machucados mostram sinais de melhoria, e já consigo desfrutar uma noite de sono sem acordar todo dolorido.

Estou esquecendo de algo, ou assim acredito. Tanto faz. Boa semana!

26.6.08

Confortably numb

But I'm still feeling everything! And it's not comfortable at all. Somebody change the lyrics! "I have become... uncomfortably sore" (Thanks Pedro for the helpful discussion on the translated antonyms).

At first, last weekend's crash didn't seem so bad, but the wounds made it difficult to find a comfortable position to sleep, and I woke up quite sore the following days. It's also a little hard to walk normally - and I keep laughing at myself whenever I notice I'm dragging my right leg along. Crashing while racing, as I've had so many opportunities to realize this year, gives one a new perspective on the use of the body as a tool, and I'm surprised as to just how well this tool performs, even in adverse conditions. It's recovery capabilities are also top-notch: today was the first night I slept (mostly) normally, to which I jokingly added that, were there races this weekend, I'd be ready for the next one. "Chão!!" ("Floor!"), to me, has quite another meaning :)

A cool, cloudy, grey weekend: winter's here. Time for a warm beverage and some bike cleaning...

23.6.08

Praia, vento e um banho de mar

A semana que se passou pode resumir-se num espírito de "voltei". Depois da semana curta entre a conferência e o Brasileiro, finalmente pude recuperar um pouco do sono e tocar algumas atividades que haviam sido postergadas desde um mês atrás, ou mais. Trabalhei um pouco no meu artigo e na minha tese, assisti alguns seminários, enfim, voltei à uma rotina um pouco mais "normal".

Neste fim-de-semana, depois de quase um mês longe do certame regional, participei do GP Capão da Canoa, antigamente conhecida como "Volta do Litoral". Tinha uma certa expectativa em aproveitar a boa forma do Brasileiro numa corrida por aqui, e não me desapontei. Na etapa de sábado, percorríamos 90km entre Capão da Canoa, Tramandaí e Osório, retornando a Capão pela Estrada do Mar. Com um forte vento cruzado em direção a Osório, lancei um ataque na compania de Rodrigo Sartori (APEG) logo após a primeira meta volante, e abrimos uma vantagem em relação ao primeiro pelotão. Ao fazer a curva em Osório, o vento colocou-se de cauda, e rapidamente andávamos a 60km/h, ampliando nossa vantagem sobre o grupo, que não conseguiu organizar uma perseguição efetiva. Nos últimos 20km, após girarmos novamente em direção ao Norte, o vento voltou a ser cruzado, exigindo muita técnica para mantermos as bicicletas em pé. Rodrigo fez a maior parte do trabalho - devo dizer que eu já estava moído; havia focado meus treinos em esforços mais curtos - portanto optei por não disputar a chegada e cruzei a linha na segunda colocação, quase dois minutos na frente de Cleiton Fadanelli (Acaci/UCS), que encabeçou o pelotão.

No domingo, pretendia defender minha colocação marcando Cleiton (3o) e Jeferson Molter (APEG), 4o colocado, meus adversários diretos. Nossa equipe logo perdeu Gilnei, que não resistiu ao forte ritmo impresso no circuito, de modo que fiquei sozinho para cobrir os ataques dos atletas da APEG, bem como as investidas dos três atletas da Beto's Bike. Após a primeira meta volante, Cleiton, Rodrigo e Everson de Assis (Beto's) abriram uma vantagem, que não consegui neutralizar. As outras equipes presentes no pelotão não conseguiram organizar uma perseguição, e eu optei por torcer que Everson não iria conseguir somar mais pontos que eu havia feito no dia anterior. Infelizmente, ele pontuou na segunda meta e, com um segundo lugar na chegada final, me ultrapassou por dois pontos no somatório geral. Acabei, portanto, na 4a colocação, depois de ainda sofrer um tombo na última volta, quando uma rajada de vento me empurrou contra um trecho coberto de areia na (esburacada) avenida Beira-Mar, me fazendo perder o controle e ir ao chão.

Ainda assim, havia conquistado um lugar no pódium. Havia prometido anteriormente que, se conseguisse tal feito, tomaria um banho de mar após a prova, o que cumpri tão logo terminada a cerimônia de premiação. Nosso júnior Lucas Barcellos, vencedor em sua categoria (parabéns, piá!), prontamente decidiu acompanhar-me na indiada, e saímos correndo, ainda de uniforme, rumo ao achocolatado mar capãodacanoense. For the win!


De volta em casa, ainda um quentão com Vitorio, Carine, Rocca e Kazic na orla do gazômetro e um xis-camarão no 14-Bis para repôr algumas das calorias do final de semana, antes de encerrá-lo com uma Leffe escrevendo este relato. Uma boa semana!

16.6.08

A jornada é o destino

Cheguei em casa, retornando do Canadá, no final da tarde de segunda-feira. Havia levado junto a bicicleta de forma a poder realizar alguns treinos por lá, mantendo assim a forma que esperava ter polido para o Brasileiro. Na terça-feira, entreti-me durante o dia inteiro com a realização de uma prova de admissão para a Universidade de Munique, que me foi enviada pela manhã e cujas respostas deveriam ser retornadas, por fax, até o final do dia. Na quarta-feira, fiz um último treino forte no circuito da Beira-Rio, e no dia seguinte, apenas uma sessão leve, para recuperar as pernas.

Neste interim, meu pai teve confirmada uma viagem aos Estados Unidos, fazendo com que ele abandonasse os planos de dirigir comigo até Morretes, distante cerca de 50km de Curitiba. Parti então numa (frustrada) busca por um motorista, até concluir que não deixaria 750km de direção me impedirem de coroar a preparação de quase seis meses - e assim, ao raiar da sexta-feira, coloquei-me na estrada.

Foi muito mais tranquilo do que eu esperava, mesmo com as condições adversas de alguns trechos da BR-101. Cheguei em Morretes ao cair da noite, para descobrir que meu quarto, reservado no único hotel da cidade, já estava ocupado. A recepcionista tentou me convencer a dividí-lo com o sujeito, mas não era meu plano compartilhar um quarto com um perfeito estranho. Com um pouco de sorte e ajuda de um dirigente de outra equipe, encontrei uma simpática pousada onde ainda haviam quartos disponíveis, e lá me instalei.

No sábado realizava-se a prova de resistência, na distância de 190km, a qual optei por não participar para conservar as pernas para a disputa de domingo. Optei por uma pedalada de reconhecimento, percorrendo o percurso de 32km onde seria disputado o contra-relógio do dia seguinte. Depois de um rico prato de massa no almoço, uma ciesta e uma lavagem geral na bicicleta, entreti-me conversando com alguns colegas paulistas, contando um pouco sobre a situação do ciclismo aqui no Sul.

Dormi surpreendentemente bem, considerando o nervosismo que usualmente me afeta às vésperas de competições importantes. Porém, ao acordar com o alarme às 6h45 do domingo, fui surpreendido com o barulho de chuva e um cenário completamente encharcado. Café da manhã, coloquei a bicicleta e o restante do equipamento no carro, e dirigi-me para a largada. Eu era o 39o de 91 ciclistas a largar (os primeiros largavam de minuto a minuto, e os dez últimos com intervalos de dois minutos). Chovia muito, o que levou a organização a atrasar a primeira largada em mais de uma hora. Ainda assim, fiz todo meu aquecimento na chuva, e ao dirigir-me para minha largada, ainda caia alguma água.

Um minuto, e sou chamado para o alinhamento. Trinta segundos, já posicionado na rampa de largada. Vinte, dez, três, dois, um, e estou a caminho, inaugurando minha nova roda Renn 575, que faz um barulho fenomenal à cada revolução. Duas curvas para sair da cidade, e na segunda, quase resvalo ao passar por uma faixa molhada da pista. Tento não desconcentrar e impor um ritmo na longa reta dos primeiros 6km, ao final da qual já estava ao alcance do ciclista que largara um minuto à minha frente. Ultrapasso-o poucos quilômetros depois, mantendo um bom ritmo até a marca de 12km, onde iniciava-se a primeira subida do percurso. Fiquei bastante satisfeito com a minha performance contra a gravidade, mas claramente um contra-relógio com altimetria tão irregular não me favorecia. Na descida, ainda muito molhada, tive de segurar um pouco nos freios, o que me custou alguns segundos à mais. Outros cinco quilômetros ondulantes antes da última subida longa, que consegui transpor sem quebrar o ritmo. Na descida, passo pela placa indicando "Faltam 10km". Mais uma curva fechada para a direita, negociada em baixa velocidade, e entro no último trecho ondulante, me aproximando da cidade de Morretes. Nos últimos 3km, já no perímetro urbano, um pequeno público encontra-se distribuido às margens da rodovia. Últimas curvas adentrando o centro histórico, desvio de um pequeno incidente com uma caminhonete que não respeitou as direções da fiscalização de trânsito, e na reta final, completo um esbaforrido sprint de 300m para cruzar a linha.

Descubri que, ao cruzar a linha, tinha o 7o melhor tempo (45m09s) - o melhor era então de Magno Nazaret (Scott), com 42m23s - mas este logo foi melhorado pelo ex-Elipse Software Rodrigo do Nascimento (Sales/Pinarello), que cravou 41m17 e parecia favorito para vencer a disputa. O tempo está mostrando sinais de melhora, a chuva sendo substituida por um tempo nublado, e as nuvens devagar dissipando-se devido ao leve vento serrano. Aqui e ali, já se viam alguns raios de sol. Outros atletas iam completando o percurso, eu vendo minha colocação caindo sistematicamente, mas na hora, me sentia muito leve, quase ignorando o cansaço pós-prova. Uma sensação de dever cumprido.

(Ao final, apenas o então campeão da modalidade, Pedro Nicácio (Scott), e o novo reinante, Cleberson Weber (DataRo), conseguiram melhorar o tempo do Rodrigo, que levou para casa uma fantástica medalha de bronze.)

Volto para a pousada para um banho, ponho a bicicleta no carro, e me encontro para almoçar com uma turma que iria até Florianópolis para seguí-los por um caminho diferente (via balsa em Guaruvá e Itapona), encurtando o trajeto de volta. O regresso foi tranquilo, ainda que bastante longo. Para finalizar, compartilho uma mensagem que enviei para alguns amigos quando cheguei em casa

"São 2h10 da manhã e eu acabo de chegar em casa depois de dirigir por quase 12h voltando de Morretes.
(...)
Foi uma jornada incrível, desde o primeiro treino no início do ano, passando pelas viagens para Alemanha, Uruguai, Canadá, os inúmeros treinos na companhia de vários de vocês, até completar os 32km do contra-relógio, encharcado, sujo, quase sem fôlego, mas de alma limpa. Uma experiência fantástica, e só posso agradecer a vocês que, mesmo no final, quando eu tinha dúvidas, sempre estiveram lá para dar o empurrão que eu precisava.
(...)
Meu resultado - obtive o 30o lugar, dentre 77 ciclistas que completaram a prova - foi talvez apenas mediano. Uma série de fatores podem ter contribuido para eu não ter adentrado o esperado top 20, mas estes são agora irrelevantes. Muito mais importante foi a sensação, ao cruzar a linha de chegada, de ter honrado toda a preparação fazendo o melhor possível naquela ocasião. Neste meio ano, muito além de treinos e corridas memoráveis, viajei para lugares novos, conheci pessoas incríveis, fortifiquei amizades e descobri mais sobre mim mesmo do que esperava. O caminho foi tão cheio de atrativos que, sem desmerecer a destinação final, já havia feito toda a empreitada valer a pena.

Que a(s) jornada(s) até o(s) próximo(s) destino(s) seja(m) no mínimo tão frutífera(s)!

12.6.08

Regresso

A volta do Canadá não foi sem alguns percalços. A diária na residência da universidade terminava ao meio-dia, mas meu vôo não partia antes das 20h. Tentei negociar um checkout mais tarde, mas tal pedido foi negado, então tive de cancelar meus planos de uma pedalada naquela linda manhã de sábado para arrumar a mala e liberar o quarto antes do almoço. Deixei as malas na recepção e saí para mais uma caminhada, para ainda olhar algumas lojas de ciclismo, almoçar, etc. No meio da tarde, parti para o aeroporto, onde consegui lugar num vôo mais cedo, de modo que tive mais tempo para encontrar o Omar "Ekevoo" no aeroporto de Toronto.

O vôo da Air Canada atrasou quase uma hora, devido à problemas na aeronave, que teve de ser substituida. Nada de mais; foi um vôo tranquilo. Em São Paulo, onde aterrisamos as 11h30, fiz a alfândega e o check-in para o vôo para Porto Alegre, que partiria as 14h. Embarcamos no avião com talvez 15 minutos de atraso e justificaram, como razão da demora, o mau-tempo em Porto Alegre. Quase meia hora depois, com os passageiros já todos sentados e o avião ainda no finger, o piloto se dirigiu à nós, informando que nossa decolagem havia sido cancelada, pois o aeroporto da capital gaúcha não apresentava condições para pouso. Ao desembarcarmos, recebemos um "vale-reembarque" da TAM, que porém não sabia dizer como tal vale seria utilizado. Depois de inúmeras indas e vindas à loja da compania(*) e ao balcão de check-in, conseguiram remanejar-me para o vôo das 16h45, o qual partiu quase pontualmente.

(*) a grafia é minha. Eu digo compania, logo, assim o escrevo.

Decolamos, serviço de bordo, etc. Quase uma hora de vôo já havia se passado quando o comandante dirige-se aos passageiros, avisando que estavamos iniciando um procedimento de espera circulando sobre Criciúma, aguardando as condições em Porto Alegre melhorarem. Alguns vinte minutos depois, ele volta ao comunicador, avisando que as condições haviam piorado e o aeroporto encontrava-se agora indefinidamente fechado, e que iríamos alternar de volta a Guarulhos. Ponto alto foi, após o pouso, a comissária avisar no intercom: "senhoras e senhores, bem vindos a São Paulo" - a pobre moça foi vaiada por um coral de passageiros...

Após mais alguns intermináveis momentos de indecisão, organizaram a remarcação dos vôos - consegui um novo lugar no vôo das 14h do dia seguinte - e foi providenciado um hotel para os passageiros que, como eu, haviam ficado ilhados. Nada restou a fazer senão cair na cama e dormir quase 11h ininterruptas, matando tempo no hotel até a hora de pegar o ônibus de volta ao aeroporto no final da manhã de uma ensolarada segunda-feira. As informações que recebiamos eram contraditórias - alguns passageiros afirmavam que o aeroporto estava aberto, informações da compania diziam que os vôos para Porto Alegre ainda estavam sendo cancelados ou atrasados indefinidamente - o que não ajudava em nada nos ânimos já exaltados de grande parte dos viajantes. Por fim, com quase uma hora de atraso, chamaram para o embarque, e dali por diante, foi um vôo normal, módulo o atraso e a confusão para retirada de bagagens, pois pousaram 6 aeronaves num intervalo de menos de meia-hora, sobrecarregando a diminuta capacidade do nosso terminal provinciano.

Enfim, em casa, ou não.

7.6.08

whiskas@ca #4

Ao final da tarde de hoje, resumi para o Pedro numa conversa:

[18:19:23] Whiskas @Montreal :
1 - Estou feliz. Acabou.
2 - É só o começo. Minha vida começa a se decidir semana que vem.
3 - ...
Acho que isso é um post.
Basicamente, é isso. O workshop terminou. Assistimos à última apresentação, batemos muitas palmas para o comite organizador, cumprimentei um, despedi-me de outro, retirei o pôster, e capotei na cama do hotel. Sofri um monte com uma matemática muito mais profunda do que estou habituado enquanto físico, mas aprendi um monte. Fiz alguns contatos, acadêmicos e pessoais, muito interessantes. Depois de um breve descanso, saí com os outros estudantes (em sua maioria doutorandos e post-docs) para irmos a um pub tomar um chopp canadense (Boreale Rousse! Oui, oui, oui!), e voltei refletindo como é ao mesmo tempo fantástico desenvolver amizades tão intensas em apenas uma semana, como também é triste nos despedirmos sabendo sabe-se lá quando iremos nos encontrar de novo. Ossos do ofício; é um mundo cada vez menor, e é fantástico conhecer pessoas interessantes nestas oportunidades únicas.

Uma última pedalada amanhã, talvez algumas compras antes de ir para o aeroporto, e então, a semana do ano - com uma possível definição do meu doutorado e o campeonato brasileiro de ciclismo no próximo final de semana. Daí, finalizar um artigo, escrever a dissertação, correr o que mais houver no calendário, e ... that's life. Por hora, sem mais divagações. Saudações canadenses!

5.6.08

whiskas@ca #3

A conferência começou. Descobri que diversas das faces que eu tinha visto pelos corredores da residência eram, de fato, participantes. Até agora, está sendo uma experiência fantástica, podendo finalmente colocar rostos nos nomes que por tanto tempo li nos livros e artigos - um é um careca, outro um gurizão atirado, outro um velinho já recurvo pela idade, etc.

Como o nome do evento já anunciava, é um encontro de matemáticos, que às vezes, e só às vezes, discutem a aplicação de alguma teoria abstrata ao caso real. A classe dos físicos está em clara minoria. Isso quer dizer que, em algo como 50% das sessões, eu não entendi nada além do segundo ou terceiro slide - ou, como foi o caso de várias delas, depois dele apagar o quadro-negro pela 2a ou 3a vez. Seja (X, g) uma variedade Riemanniana compacta sem borda, e seja −LB(g) o operador de Laplace-Beltrami sobre X, assumindo que ele resolve o problema associado de autovalores. Então, se tivermos uma geodésica semi-hiperbólica fechada que satisfaça pelo menos ... repitam 3 ou 4 vezes por dia, com uma hora de duração cada.

Porém, numa nota mais positiva, apreciei bastante as apresentações dos físicos, as quais eu pude entender ou discutir um pouco mais. Recebi alguns comentários legais sobre o meu pôster, mas ele é muito mais interessante sob o ponto de vista físico - a matemática por trás do meu resultado é relativamente simples, portanto, não é talvez tão atrativa para os colegas aqui. De qualquer forma.. Contatos muito legais num ambiente realmente plural. Temos pesquisadores de todas as etnias possíveis, e de forma idealista, me dá certa esperança ver um pesquisador da Universidade de Tel-Aviv participar da sessão de um matemático iraniano... Conversei bastante com um pesquisador ucraniano, um doutorando japonês e um professor de Chicago, por exemplo. Globalização...

Na segunda-feira à noite, após as sessões de abertura, tivemos um delicioso coquetel de boas-vindas, no qual me diverti muito discutindo aplicações de grafos com o tal ucraniano enquanto tomávamos um vinho australiano e beliscávamos da amostra dos melhores queijos franceses oferecidos... Ontem fomos downtown, passeamos pela cidade subterrânea, e provamos uma deliciosa Ale canadense antes de voltar para a residência. Hoje, por fim, saí da conferência e pedalei até Petite Italie, o bairro italiano de Montreal, onde realizava-se uma etapa do Tour de Montreal, prova feminina válida pelo ranking internacional. Torcendo e gritando pelas minhas amigas da Nürnberger Versicherung, devo ter chamado a atenção da imprensa local; fui entrevistado por uma repórter que queria entender o que um brasileiro fazia ali gritando por uma equipe alemã... Bom, tentei explicar no melhor francês possível, mas imagino que será editado antes de ir ao ar. Para grande alegria, a prova foi vencida pela Suzanne de Goede, depois de um fantástico trabalho da equipe nuremberguense. Cumprimentei as gurias no final da prova e segui para o caminho de volta, o sol estava se pondo e começava a esfriar...

Agora, de volta no quarto, e depois de um bom banho quente, fiz uma janta com uns pãeszinhos, queijo e um achocolatado, comendo enquanto escrevia o relato. Por hora é isso, au revoir!

2.6.08

whiskas@ca #2

Minha ciesta acabou se extendendo e perdi a chegada da corrida ontem, que foi vencida pela Judith Arndt (High Road) sobre a Fabiana Luperini (Menikini-Selle). Saí para caminhar, sob o pretexto de ir procurar uma loja de bicicletas, e aproveitei para fazer algumas fotos e conhecer um pouco mais o lado residencial de Montreal. Tive ainda a oportunidade de roubar a placa indicativa de "2km para a chegada", que era coincidentemente aqui do lado da Universidade; dobrei-a e coloquei embaixo do braço no caminho de volta para o alojamento :P

Pretendia ainda sair para pedalar no final da tarde de ontem, coisa que não fiz, primeiro por causa da chuva, depois pelo receio de não voltar antes de escurecer. Acabei saindo a pé para fazer compras e montar um pequeno estoque de pães, croissants, queijos e chocolates para os primeiros dias da semana. Na cama cedo, fui recuperar o pouco sono da viagem, capotando pouco depois das 21h.

Levantei hoje pouco após as 7h (nada como quase dez horas de sono ininterruptas!), fiz o café-da-manhã no saguão do hotel, e fui me vestir para pedalar. O dia mostrava-se mais animador que o anterior, com bastante vento e alguns raios de sol entre as nuvens cinzas. Com uma camisa de manga longa e uma folha de jornal por baixo, saí em busca do percurso da Estacade, que me recomendaram como um bom lugar para treinos de contra-relógio - 11km, planos, sem sinaleiras ou interesecções, numa península ao sul da ilha de Montreal. Havia montado um roteiro após consultar os mapas, mas este foi logo por água abaixo (devo dizer morro abaixo?), quando encontrei uma das principais avenidas que eu deveria tomar fechada por obras, e tentei como pude me orientar de cabeça na direção sul-sudoeste.

Parei para consultar o mapa, mas qualquer outro caminho envolvia uma miríade de pequenas ruas para cruzar o canal, o que me levou a circular um tanto pelo centro financeiro da cidade até chegar numa segunda ponte - infelizmente, uma autopista, com um símbolo "proibido bicicletas" desencorajando qualquer tentativa de seguir por ali. Segui costeando o canal para procurar uma outra ponte, quando descobri que o canote do selim não havia sido propriamente apertado; meu banco já estava quase 1cm mais baixo do que quando eu havia montado a bicicleta. Para completar, o mapa voou do bolso da minha camisa - nada difícil de se imaginar, dado quanto ventava. Resolvi seguir adiante, sabia que o canal desembocaria no rio Saint-Laurent, que me permitiria fazer o contorno da cidade até algum lugar conhecido.

Cheguei no final do canal e comecei a pensar num trajeto para a volta. Até ali, o pedal era um grande candidato ao título de experiência miserável sobre rodas no estrangeiro. Então, pedalando de volta um trecho da ciclovia, passam 7 ciclistas com uniformes da Nürnberger Versicherung (maior equipe feminina da Alemanha) e da Menikini. Opa! Faço meia-volta e sigo atrás delas (fiz um vídeo desta aproximação), e logo em seguida dou um Oi, dizendo que eu morei um tempo em Nürnberg e conhecia a equipe (um colega da minha antiga equipe na Alemanha era grande amigo e colega de treino delas). Fiz alguns vídeos e mais algumas fotos, logo mais o grupo se separou, e duas meninas seguiram na direção que eu tomei, acreditando que se tratava do caminho de volta para a residência. Conversei bastante com a Larissa Kleinmann, enquanto sua colega sueca, Marie Lindeberg, não se animou muito. Fizemos juntos o caminho de volta subindo o Mont-Royal (a Larissa reclamando muito da subida, ponto onde ela havia abandonado a prova ontem), e descobri que elas estão alojadas praticamente do lado do meu "hotel". Durante a semana elas participarão de outras corridas aqui por perto, uma delas no final da tarde, que tentarei ir assistir depois da conferência...

Depois de um banho, saí para almoçar e caminhar pela cidade; comi uma pizza no pequeno centro comercial próximo da Universidade, e segui caminhando em direção ao centro da cidade. Consegui fazer o caminho que pretendia ter feito com a bicicleta, afinal a pé é mais fácil contornar os desvios... mas logo me desviei para entrar nesta ou naquela ruela, em busca de uma vista diferente, algumas fotos, souvenirs... Ao final, caminhei quase cinco horas por todo o centro comercial e histórico da cidade; elaborações sobre o turismo numa próxima divagação.

Fiz mais uma parada para comprar um baguette fresquinho, e agora faço um lanche com as pernas esticadas para descansar um pouco dos esforços ciclísticos e turísticos do dia. Devo assistir um filme agora e novamente ir dormir cedo; amanhã começa a conferência... até mais!